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quarta-feira, 25 de julho de 2007

No silêncio da noite...

Não consigo dormir... apetece-me escrever, escrever sem parar, sobre tudo e sobre nada, simplesmente escrever, deitar para o papel tudo o que me vai na alma, tudo o que o meu coração abriga, escrever para talvez assim impedir que a tristeza me invada, que as lágrimas rolem pelo meu rosto!
Sinto-me triste, não consigo evitá-lo, sinto-me perdida neste silêncio nocturno que lentamente me vem aconchegar e dar descanso.
...
Não consigo adormecer... lá em cima tu dormes, meu amor, qual anjo feito de luz e puro encantamento! Antes de vir, fui ver-te... o teu respirar sereno comoveu-me, apetecia-me ser novamente criança... adormecer nos braços dos sonhos, ser levada meigamente para o mundo da fantasia, da ilusão. Olhei para ti e as lágrimas teimaram em cair, numa mistura confusa de sentimentos... tenho-te, és o meu tesouro, a maior dádiva, a minha princesa, por isso, porquê me sentir assim, tão desnudada de alegria, tão cheia de melancolia? Porquê?
...
Um turbilhão de sentimentos invade o meu coração, não consigo pará-los, são mais fortes que eu... deixo-me levar pela escuridão misteriosa da noite e voo... voo em direcção às minhas recordações! São tantas, milhões de recordações perdidas no abismo do tempo, palavras, emoções, momentos que nunca serão apagados, muito menos pela crueldade desmedida do tempo que teima em passar, em levar para longe de nós quem mais gostamos!
Recordo lugares, pessoas, bocadinhos de mim que aos poucos foram levados nas asas do tempo e queria que tudo voltasse atrás... tenho saudades desses lugares, dessas pessoas agora distantes mas que tão presentes continuam em minha vida, desses bocadinhos de mim que aos poucos se foram perdendo no labirinto estonteante da vida!
Pela janela, vejo-a, a casa onde parte da minha infância fui feliz, onde passei momentos de alegria e brincadeira, sempre igual, tão próxima mas tão distante no tempo, nas memórias, no desejo de lhe dar novamente vida, enchê-la de novo de sorrisos, risos, gargalhadas, de abraços apertados e beijinhos ternurentos... Tenho tantas saudades, avó, queria tanto ter-te novamente aqui, e juntas recuarmos no tempo em que tudo era inocência, em que todos juntos fazíamos de pequenos bocadinhos grandes momentos, inesquecíveis, em que as gargalhadas de crianças se misturavam numa melodia sem fim... Mas não posso, sei que me é proibido agora o acesso a esse tempo, a não ser quando uso a chave mágica das minhas recordações, sei que nada será mais como era, não estás aqui, a vida seguiu o seu rumo, mudança de cena e acto, as personagens continuaram a representar o seu papel, embora a história já não possa ser a mesma! Como eu gostava de possuir o dom de mudar os sentimentos das pessoas... seria tão menos dolorosa a caminhada pela vida!
...
Mas infelizmente cresci, e esse crescimento ensinou-me que nem sempre podemos ter junto de nós quem mais amamos, temos que aproveitá-los enquanto o tempo nos permite, enquanto não nos são cortadas as asas da alegria!
Olho para o céu lá fora, tão imensamente azul, tão misterioso, tão inundado pelo luar... e deixo-me levar nas asas, agora, das recordações... revivo alguns momentos, histórias e momentos passados que hoje me vieram fazer companhia e ajudaram a quebrar este silêncio perturbador. Deixo-me voar, voar para longe, deixo-me abraçar pelas lembranças... é tão bom, as lágrimas continuam a rolar pela minha face mas aliviam, dão-me a calma de que necessito, dão-me a paz que procuro porque, embora em meras imagens no meu pensamento, tenho novamente perto de mim as pessoas, os lugares, os momentos que fizeram de mim o que sou hoje...
(...)
(lá em cima tu dormes, meu bebé, e eu docemente fui acariciar o teu rosto... sonha, meu amor, deixa-te embarcar nas aventuras fantásticas da tua inocência, continua a viver a vida como se um conto de fadas se tratasse! Vai enchendo o teu coraçãozinho de momentos felizes, de pessoas importantes, de momentos mágicos para que um dia, se te sentires assim triste, como a mamã hoje, consigas ir buscá-los todos ao baú secreto das tuas recordações para que eles te ajudem a secar as lágrimas que possam rolar pelo teu rosto! Amo-te muito, princesinha!
Dorme meu anjo... voa nas asas dos sonhos, pinta o firmamento com o teu sorriso, deixa um bocadinho de ti, da tua doçura e da tua beleza nesta noite estrelada...)

4 comentários:

Inês de Castro disse...

Se te apetece escrever...e a escreveres assim...só deves mesmo fazê-lo. Este é um dos textos mais bonitos que já li...E como alguém muito sábio disse um dia, recordar é viver!!! beijocas

disse...

Que texto lindissimo! Fiquei em pele de galina. Também eu voei para a minha infância com este teu texto... onde também estão algumas das pessoas que mais Amei e que hoje já não posso abraçar :(

Beijos marejados de lágrimas

alma disse...

e escreves tão bem!!
BEIJINHOS ENORMES
cate

Docinho disse...

Amei... que bem que fazes em escrever!

Beijos emocionados