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sábado, 14 de julho de 2007

Poesia...

Poema à Mãe

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
ao fundo dos teus olhos!
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...
Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -,
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:

Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...


Mas - tu sabes! - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu...Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,
Não me esquecerei de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...

Boa noite. Eu vou com as aves!

(Eugénio de Andrade)

A mamã adora este poema, meu amor... Já o dedicou uma vez à vóvó para lhe mostrar que apesar da distância e do tempo que teima em passar e, por vezes, nos separar continuo a precisar dela, dos seus mimos, do seu colo, dela... simplesmente! Ainda continuo a ser a sua menina pequenina, apesar de ter crescido e eu própria já ter uma menina pequenina. E sabes, apesar de ter crescido e de já ter saído da moldura, sinto-me feliz porque sei que foste a melhor prenda, a mais bela, que algum dia lhe poderia ter dado! Em ti, ela vê-me, revê-se! És ser do meu ser, és a continuação de uma infância que nunca será esquecida nem perdida, és a necessidade constante de mimos e beijinhos que tantas ainda lhe dou ou lhe quero dar! És pedacinho de mim, dela, de nós as duas!

Sei que um dia também sentirei que me "traíste" ao cresceres e deixares a ser a minha bebé, quando ganhares asas como os pássaros e começares a voar em sítios distantes de mim, em lugares onde só tu entrarás e onde nem sempre poderei estar para continuar a proteger-te! Sei que sentirei saudades (já sinto tantas vezes!) de te ter só para mim, de sentir o teu cheirinho a menina ainda tão bebé, sentirei saudades dos teus abraços bem apertados à volta do meu pescoço, do teu rosto bem encostadinho ao meu, das tuas mãozinhas a fazer-me festinhas, do teu olhar, dos teus gestos, do teu riso, das tuas brincadeiras... de ti, assim, tão pequenina, tão minha... só minha!

Mas sei também, e disso tenho a certeza, que te quero feliz... nesse mundo só teu que um dia decidirás descobrir! Desejo que ele te acolha com o mesmo amor, a mesma ternura, a mesma paixão com que vives neste momento! Espero que o continues a pintar ao sabor doce da tua inocência... que continues a encantar tudo e todos com esse jeitinho terno e sedutor que tão bem te define... que continues a sonhar e, acima de tudo, que saibas sempre amar! A amar como te vou ensinando a amar, de forma pura e completa!

Promete-me, princesa, que serás feliz... que farás do meu amor a chave para a tua felicidade.
Promete-me que lutarás sempre para alcançar todos os teus desejos, para realizar todos os teus sonhos, para contornar todos os obstáculos...
Promete-me, princesa, que nunca esquecerás as palavras que te digo, os mimos que te dou, a segurança que te proporciono e, mais que tudo, o amor que sinto por ti!
Promete-me que, mesmo longe de mim, nunca esquecerás que és e sempre serás a "menina adormecida no fundo dos meus olhos" e que sempre, mesmo sempre, estarei aqui para te amar... desmesuradamente!

1 comentário:

Inês de Castro disse...

Lindo...fiquei de lagriminha no olho...