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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Reflexão...

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
- Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...
E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
- e cai no meu coração.
-
Augusto Gil, Luar de Janeiro
-
-
E são estes os versos que ecoam na minha cabeça sempre que, lá ao longe, vejo os montes cobertos deste imenso manto branco...
Uma sensação de paz interior que faz fervilhar mil pensamentos na minha cabeça...
Como pode realmente uma criança padecer de dores que muitas vezes nem sequer imaginamos?
Educar, mais do que propriamente ensinar, faz-nos descobrir, em rostos tão repletos ainda de feições de criança (apesar da teimosia rebelde em se querer afirmar "adultos"), tristezas camufladas, histórias de vida marcadas pelo sofrimento, dores nunca sequer imaginadas...
Como podem realmente tornar-se adultos confiantes estas "crianças" cuja infância e mesmo adolescência são dolorosamente marcada pela ausência de valores, ensinamentos mas, mais que tudo, Amor?
Nos rostos deles, que me acompanham no dia-a-dia, quantos vezes te revejo... e só penso...
Como serás daqui a uns anos? Em que tipo de adolescente te tornarás?
Será que o todo o Amor que sinto por ti é suficientemente forte para te ajudar a crescer de forma saudável e feliz?

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá mamã, lembro-me de ter estudado as primeiras estrofes deste poema quando estava no 6ª ano de escolaridade, nas aulas de Português.
Tu és uma mãe fantástica, eu creio que o amor que nutrimos pelos nossos filhos são uma âncora e, ao mesmo tempo, um trampolim de crescimento.
Beijinhos e bom fim-de-semana, Sofia,Pedro e Joana

sandra.am.silva disse...

És uma mamã muito linda, sabias?
Eu acho esse poema lindo!
Beijo, beijo, beijo

Sandra e Afonso
www.bebeafonsinho.blogspot.com